quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Estou aqui por você...

Não pensei que escreveria sobre isso, um dia. Na verdade, nem em meus maiores devaneios podia prever passar por uma experiência assim. As próximas palavras podem me deixar totalmente vulnerável e exposta, mas alguma coisa, vinda do fundo da minha alma me diz que esse não é o fim da linha e que esse relato será apenas o inicio de uma história de muito amor, de muita espera mas de vitória do amor de Deus. Deus, o meu Deus que amo tanto é o mesmo que questiono todos os dias. O meu Paizinho do Céu de quem tanto dependo é aquele que não consigo entender. Esse meu Deus, é pra quem eu me entrego todos os dias, mas sem saber o que isso significa. Entretanto, é nesse Deus, o único Deus, meu Senhor e meu Mestre, a quem ponho todo minha confiança e n'Ele espero o dia em que tudo isso não passará de uma lembrança, dessas que nos fortalecem pra sempre. Conto aqui a história do meu sonho, do meu desejo, da minha perseverança em ser mãe. Conto aqui a angústia de um espera ilimitada. Falo aqui de uma esperança que nunca se findou. Exponho aqui a dor de ver escorrer pelos dedos algo que não se pode controlar, não se pode explicar, algo que te faz tão impotente, como se parte de você fosse amputada, mutilada. Depois de um ano, você ainda consegue visionar o futuro, por mais que você não entenda e doa, sabe que é algo que pode acontecer. Quando se passa o segundo ano, a esperança começa a morrer. Cada mês, é como se parte de você perdesse o significado, cada mês a dor da perda. Quando o terceiro ano se inicia, você reage, reúne toda sua força, todo amor que está bem ali guardado dentro de você e vive. Olha para a vida a seu redor, sabe que não pode desistir de tanta coisa maravilhosa que ainda não experimentou, sabe que não está morta por dentro porque há vida demais ainda a sua volta. Mas, nada, nada preenche aquele vazio. Mas, você continua lutando com as armas que tem pra sobreviver, pra que não te seja arrancado também o que já está em suas mãos. Não é justo! E o terceiro ano se vai, você venceu conquistando o mundo, enfrentando seus medos, levantando todos os dias e abrindo a janela para o sol entrar. Você segurou firme sua família, não desmoronou, desfrutou do bonito da vida, sentiu prazer, cumpriu suas responsabilidades, deu seu máximo no trabalho, se doou por outras pessoas. Mas, o terceiro ano se passou... E o impossível que me mostraram começa a querer vencer. Não sei se lágrimas realmente curam. Só sei o quanto vivi de lágrimas... Lágrimas que muitos não viram nem ouviram. Lágrimas que estavam por trás do meu sorriso. Sorriso que nunca foi mentiroso, mas um sorriso de alguém que lutava desesperadamente por ele. Muitas vezes, acreditei que não queria viver, mesmo havendo tantos motivos a minha volta pra lutar, parte de mim sabia que minha força estava cedendo e que eu não queria viver com aquele cansaço, aquele sentimento de abandono, não queria mais que meu sorriso viesse de tanto esforço, de tanta perseverança. Muitas vez desejei cair... É interessante como não somos capazes de enxergar o outro como um todo e nem mesmo prever o que se passa dentro do seu coração. Muitas pessoas, e não as culpo por isso, pisotearam minha alma, me fizeram verdadeiramente sangrar. Houve dias que para sobreviver, precisei me enclausurar no meu mundo, em outros, me fazer apática como se estivesse sedada, alienada. Trabalhei sem permitir meu corpo descansar, como se a minha vida dependesse daquilo. Passei a olhar a dor do outro e com isso fazer da minha dor sem importância. Sabendo que nada eu podia fazer, mesmo entendendo o impossível, esperei pelo possível todos os meses. E minha esperança foi frustrada todos os meses. Mas, havia um amor tão grande dentro de mim, que eu não conseguia desistir, nem desacreditar. Havia aquele buraquinho lá dentro e parecia que eu podia sentir o ar passando por ele. Ele não me deixava esquecer... Eu já amava alguém que nem existia, eu já podia até mesmo sentir o cheiro da sua pele, podia sentir meus braços o embalando com tanto carinho, eu cheguei a conversar com ele, a dizer seu nome e aquilo era tão real pra mim. Eu havia nascido para esperar por ele. Eu já o amava com o meu coração, com a minha alma, com a minha mente. Ele era meu e só podia ser meu. Eu já era mãe... E uma mãe espera pelo seu filho, uma mãe não desiste do seu filho. Não podia ser diferente. Nunca, sequer um dia, deixei de me sentir assim... E, se um dia, esse texto aparecer, sem que eu tenha vivido isso concretamente, sem que eu nunca tenha vencido esse impossível e gerado essa vida, acreditem, vivi isso a cada dia em minhas lágrimas. Em minha alma e no meu coração, eu sempre fui mãe.

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