sábado, 3 de dezembro de 2011

"Deixe suas esperanças, e não seus ferimentos, moldarem seu futuro."


É tão difícil falar da minha dor... Algumas vezes, penso que quanto mais falar, mais fácil seria lidar com ela. Por outras vezes, penso em me isolar, hibernar e isso sim faria mais fácil a convivência com ela, já que, na verdade, por mais que eu a exponha, é uma dor solitária, muito solitária.
Criei esse blog há muitos anos, e ele foi muitas vezes meu melhor amigo. Só aqui eu conseguia abrir minhas feridas, ser eu mesma e escrever me abriu uma nova porta pra enfrentar os momentos mais dificéis da minha vida. Até minhas maiores alegrias, foi aqui que eu também consegui expressar, sem medo, sem pudores, sem meias palavras.
A espera é uma velha amiga minha... As coisas mais importantes da minha vida eu conquistei com esperas, longas e dolorosas esperas. E nunca dói menos... Deus sabe o quanto eu o amo, o quanto eu acredito n'Ele, tenho certeza disso, mas Ele também sabe o quanto a minha fé desarma em alguns momentos, o quanto medo eu sinto, a minha insegurança de continuar esperando, a dúvida entre esperança e ilusão.
Acredito eu que muitos olham para a minha vida e pensam que eu devia ser a pessoa mais agradecida e satisfeita do mundo. Acho que isso é o que faz dessa dor tão solitária. Sou sim uma pessoa privilegiada, conquistei muitas coisas na minha vida, não sem muita luta e suor, mas conquistei sim. Tenho infinitos motivos para agradecer a Deus de joelhos todos os dias. Mas, veja, isso não diminui em nada a dor de não conseguir realizar o maior de todos os desejos do seu coração, aquele desejo que realmente vai preencher seu coração, sua vida. Dói, meu Deus, como dói...
Seria tão fácil se existisse um remédio milagroso que anestesiasse o coração, mas seria utópico demais... Não há dor tão grande... Esperar, esperar, esperar... Esperar por algo sem tempo definido, pior, esperar por algo que você nem tem evidência alguma de que realmente vai acontecer. É aqui que respondem: "Isso que é ter fé". Eu sei o que é ter fé... Eu sei o que é perseguir algo que ninguém acredita, que ninguém apoia e conquistar, eu sei o que Deus é capaz de fazer por nós. Eu conheço o tamanho da misericórdia e amor desse Deus... Eu sei o que é ter que se apoiar nesse Deus para me levantar todos os dias, viver diariamente uma situação totalmente imprevisível, lidar com o desconhecido, ter medo, ser julgada louca por acreditar e investir em algo sem a menor proteção de risco, e mesmo assim perseverar só por amor, o amor de Deus.
Mas, eu sou humana, miserável, pequena... Muitas vezes temo a esperança. E eu acho que o pior estágio da dor é perder a esperança, é o último degrau, é a própria escuridão. E é por isso que eu luto contra mim mesma todos os dias e sigo em frente. Porque ainda existe esperança no meu coração...
Enquanto ia escrevendo, pensava na história do "filho pródigo" e imaginava como era dolorosa a espera diária desse pai. Imaginei esse senhor sentado à porta de sua casa, aguardando ansioso a chegada desse filho, todos os dias, e quando o dia começava a escurecer, como essa dor, essa angústia devia ir aumentando e quanto devia ser difícil ter que se levantar e dizer pra si mesmo que bastava por aquele dia. Provavelmente, as noites eram longas e sofridas para aquele homem que devia acordar ansioso no dia seguinte e correr para a porta de casa a esperar novamente pelo seu filho. Quanta dor... É impossível desistir, se trata de um pai que espera por um filho. Por outro lado, imagino a alegria, a euforia desse pai no dia em que esse filho, finalmente, regressou.
Digo, meu coração espera há muito, muito tempo por esse milagre de Deus... E, todos os dias eu espero o momento em que Deus vai me abençoar. E a cada vez que vejo que ainda não chegou a hora, é sofrido demais. E, mesmo assim, eu retorno no dia seguinte. Já passei da fase do questionamento, só a esperança me mantém em frente, mas ainda sim é dilacerante, e solitário.
Quando eu falo de espera, sem quantificar, pode parecer um tanto exagerado, apesar de que o pode ser pouco para muitos, é muito para alguns e o contrário também. Estou falando de exatos 1 ano, 11 meses e 2 dias, 701 dias... Não seu se o pai do filho pródigo esperou por dias, meses, anos ou até décadas... Tudo que sei que cada dia é um dia de espera... Cada dia é um dia em que acredito ser o meu dia, o dia que o Senhor irá me dizer que o meu dia chegou, anseio pela alegria, pela euforia de ver a manifestação desse milagre em minha vida... E, sinceramente, quanto mais tempo passa mais difícil se torna, mais minha fé é provada, mais o cansaço toma conta de mim, mais solitária eu me sinto e menos eu sei o que fazer. E, hoje, particularmente, meu coração está destroçado...
Mas, de que adianta se prender somente a isso, deixar a vida passar, enquanto permito que essa dor seja mais importante que a minha fé em um Deus que me ama, que olha por mim e que sei que nesse instante chora das mesmas lágrimas que eu? Não existem respostas para algumas perguntas... O que existe é fé, esperança, perseverança, força de vontade e garra... E, por mais difícil que seja continuar apostando, não existe outro caminho. Enquanto há fé, há muita dor, mas esperança...
E, como diz uma canção: "Nada poderá me abalar, nada poderá me derrotar, pois minha força e vitória tem um nome e é Jesus"... Não sei quanto mais tempo irá durar essa espera, mas sei que, um dia, ela vai chegar... E, como para o pai do filho pródigo, não vai me importar o tempo que esperei, a dor que eu senti, irei somente correr de encontro a essa graça e me lançar aos pés de Deus para louvar, bendizer e adorar, porque Ele ouviu o meu clamor e abriu os braços pra mim...

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