segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sinto que posso vê-los como ninguém...


Hoje, me pego a pensar nos meus irmãos e acabam me faltando palavras. Não sei de onde vem tamanho amor. Talvez dos laços genéticos, talvez da intimidade, talvez de conseguir enxergar o que poucos podem ver. Sinto que posso vê-los como ninguém.
Dizem que cada pessoa tem o seu preço. Eu não sou diferente. Temo ser egoísta com outras pessoas por esse sentimento, mas o meu preço são os meus irmãos. Sempre foi...
Não são perfeitos, não estão sempre presentes quando eu preciso ou agradecidos quando eu esperava que fossem, me fazem perder a cabeça, mas são meus irmãos e minha vida não seria a mesma sem eles.
Muitos deixam a vida passar pra reconhecer a importância de algumas pessoas. Meus irmãos foram a minha vida. Lembro de cada momento, de cada briga, das alegrias, dos momentos dificeis que nos ensinaram a precisar cada vez mais um do outro.
Lembro de quando Márcio se entregou no meu lugar, depois de uma travessura minha. Lembro de quando eu prestei prova de trânsito e, quando estava chegando ao final, vi Marcelo, ainda novinho, comemorando como se eu já estivesse aprovada. Lembro quando Marcelo se emocionava a cada vez que Marcio vencia uma prova de natação. Lembro de Márcio protegendo Marcelo, mesmo quando ele mesmo estava sem proteção.
Lembro de nós três deitados na cama de nossos pais assistindo programas infantis, todos os dias. Lembro de cada gesto, muitas vezes rude, que eles tiveram comigo com a intenção de me poupar, de me defender.
Lembro de quando Marcelo me ligou pra contar que havia passado no vestibular e acabei sendo a primeira a saber. Lembro quando ele me telefonava pra tirar dúvidas no exercício de matemática e eu acabava tendo que fazer o exercício também pra ensiná-lo por telefone. Lembro o frio que senti na barriga quando ele se acidentou.Lembro das vezes que fomos ao cinema juntos, voltando da praia cheios de sal num ônibus lotado e quando saímos deseperados num domingo procurando comprar um ventilador porque não suportávamos mais o calor que estávamos passando.
Lembro de quando Márcio me pediu ajuda pela primeira vez. Lembro de cada vez que eu chorava sozinha quando o via sofrer. Lembro de tantas brigas e como eu sentia falta dele depois. Lembro de estar presente quando não queria estar, mas lembro de horas rindo em frente a TV, porque ele é a melhor companhia do mundo. Lembro de tantos momentos juntos, viagens, festas, até fazer uma oração no meio da Baía de Guanabara. Lembro de como eu podia ver um coração grandioso e mais puro do que de qualquer outro, mas não tive coragem de lutar por ele muitas vezes.
Lembro de tudo, da vida inteira, mas levaria anos pra contar...
Fico muito feliz quando eles precisam e confiam em mim e sempre sei, mesmo que não digam, só de ver nos seus olhos que posso contar com eles.
Talvez eu não os conheça como penso, mas sei melhor que qualquer um quanto maravilhosos eles são. Cada um de um jeito... Um deles sério, calado, sisudo, dotado de uma inteligência tão lógica que algumas vezes intolerante, educado, gentil, fanfarrão, companheiro, leal e tem um sorriso que é impossível contrariar. O Outro, tímido, mesmo que não acreditem, não sabe nem ser elogiado, doce, generoso, ingênuo, um verdadeiro professor, tem uma inteligência prudente, cria topete quando perde os argumentos numa discussão, e levanta mesmo a voz contra a injustiça, mas tem um coração maior que ele mesmo.
Eu os amo mais que amo a mim mesma e daria a minha vida a qualquer hora por eles. E só queria que eles soubessem disso, hoje...

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